Câmara Municipal de Santa Cruz do Sul

Poder Legislativo do Município de Santa cruz do Sul

Projeto de Decreto Legislativo nº 01/2015

Dados do Documento

Situação: Arquivado aos 31/12/2015 conforme o Artigo 183 do regimento interno.

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PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 01/2015, DE 24 DE FEVEREIRIO DE 2015.


Concede o Título de Cidadão Santa-cruzense ao Sr. Nelson Kich.

Art. 1º Fica oficializado o Título de Cidadão Santa-cruzense ao Sr. Nelson Kich.

Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Santa Cruz do Sul, 24 de fevereiro de 2015.

ELO ARI SCHNEIDERS
Vereador - SD


JUSTIFICATIVA

Senhora Presidente,
Senhores(a) Vereadores(a):

O presente projeto de decreto visa conceder o título de Cidadão Santa-cruzense ao desportista Nelson Kich.

Ele nasceu em Estrela (RS), mas há muitos anos reside, trabalha e se dedica, voluntariamente, ao desenvolvimento e engrandecimento do esporte profissional e amador do Município de Santa Cruz do Sul, em especial, no fomento de torcidas organizadas e na busca de integração entre jovens e desportistas em geral e na prática de algo sadio como o esporte.

Atualmente, Nelson, por problemas de saúde, está impossibilitado de seguir execut ando o trabalho desenvolvido por muitos anos. É justo que a Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul preste uma homenagem a este abnegado e destacado desportista.

Segue o currículo do Sr. Nelson Kich.

O Sr. Nelson nasceu aos 13 de dezembro de 1947, em Linha Santo Antônio, mais conhecida como Linha Beija Flor, no interior de Estrela. É filho de Guilherme Albino Kich e de Maria Elídia Kich, ambos já falecidos. Teve quatro irmãos: Hilário Kich e Elton Kich, já falecidos, e mais dois ainda vivos, Iva Ivone Kich e Telmo Albino Kich.

Na sua infância, viveu com os pais. Aos seis anos, iniciou seus estudos (pré-escola) na Escola Municipal de Linha Santo Antônio, permanecendo até o 3º ano na referida escola. Depois, estudou na Escola Municipal de Linha Costão, em Estrela, e terminou o 1º grau no então distrito de Corvo, agora município de Colinas, numa escola municipal, com o professor Allert.

Após a conclusão do 1º grau, Nelson Kich e seus pais se mudaram par a a cidade de Estrela, onde foram residir na Rua 15 de Novembro, ao lado do Grupo Escolar Vidal de Negreiros, onde estudou por um ano, e, depois, a partir do segundo ano, passou a estudar no Colégio Martin Luther, onde permaneceu de 1960 a 1961, até concluir o 2º Grau.

Em 1962, Nelson passou a trabalhar, durante meio turno, como cobrador de ônibus, na empresa Daltro Filho, no interior de Estrela, com o proprietário Enio Wolff. Entre 1963 a 1969, Kich trabalhou como balconista no Bazar Artrur Germano Preussler Ltda, com sede em Estrela.

Entre 1964 e 1966, sob a orientação do Pastor Schiemann, Nelson foi presidente da Juventude Evangélica de Estrela.

Em 1966, enquanto trabalhava no bazar até às 18h, teve que parar momentaneamente com os estudos e começou a trabalhar entre as 19 e 2h da madrugada, como garçom, na Sociedade Ginástica de Estrela, com o proprietário conhecido como Professor, o que se estendeu até 1969, isso para auxiliar no sustento da família, já que o pai havia sofrido um grave acidente de trabalho na fábrica de sabonetes e sabão Costa, permanecendo hospitalizado durante algum tempo.

Em 1º de abril de 1967, Nelson casou-se com Edely Storch, natural de Lajeado. Dessa união, nasceram, na cidade de Estrela, os filhos Silvia Kich (26/09/1967), hoje já falecida; e Leandro Kich (em 01/02/2969), em Santa Cruz do Sul, a filha Cristiane Kich (em 19/04/1970).

Quando ainda trabalhava no Bazar Arthur Germano Preussler Ltda., Nelson efetuou, em 1966, seu alistamento militar, e após, foi incorporado ao Exército, tendo que servir em Jaguarão, em quartel, último ano de Cavalaria. Para ir aquela cidade, Nelson e outros colegas embarcavam em um trem em Taquari, e viajavam durante dois dias e uma noite. No entanto, por ser casado, Nelson foi liberado do serviço militar após três meses de incorporação, retornando a Estrela.

Em janeiro de 1970, mesmo não conhecendo ninguém e nem a cidade de Santa Cruz do Sul, Nels on decidiu residir e estudar na Escola Senai, desta cidade, para efetuar o curso de Eletricista. Trouxe consigo a esposa e dois filhos, passando a residir em um apartamento localizado na parte superior e nos fundos da atual Padaria Pritsch.

Com uma carta de recomendação da Associação Comercial de Estrela, foi contratado, na primeira semana, pela Comercial Zimmer-Goettert S/A, no setor elétrico, e, à noite, fazia curso de Eletrecidade em geral junto à Escola Senai.

Em 1972, a convite do falecido Arnoldo Henrique Zimmer, Nelson Kich foi apresentado à torcida da então Associação Santa Cruz de Futebol, onde passou a organizar as torcidas e as viagens. No fim do primeiro ano, participou da eleição como candidato a Presidente da Ala Jovem da Associação Santa Cruz de Futebol, tendo vencido e passado a atuar como organizador, com o assessoramento de Sérgio Machado, fundador da Ala. No início, havia 20 participantes da Ala, porém conseguiram aumentar para mais de 100 participantes. Foi organizada uma charanga, comprados os equipamentos, buzinas, fardamento, bandeiras, entre outros equipamentos para o acompanhamento de todos os jogos da Associação, onde quer que ela se apresentasse, normalmente com dois ou três ônibus lotados, ou até mais.

Em 1973, após três anos de trabalho na Comercial Zimmer-Goettert, Nelson Kich havia se formando em vários cursos do Senai, como Comandos, Industrial e Residencial, passando a trabalhar como eletricista autônomo. Como fruto do seu trabalho capacitado, obteve muito sucesso na profissão e conquistou grande número de clientes. Durante anos seguidos, Nelson Kich, recebeu vários troféus e diplomas, como um dos eletricistas de destaque e melhor preparados de Santa Cruz do Sul.

Quando já residia em Santa Cruz do Sul, Nelson Kich foi brindado com mais dois filhos: Cristiane Kich, em 19/04/1971, e Guilherme Kich, em 01/03/1987 (falecido). Por sinal, o filho Guilherme Kich se tornou um grande pi vô de basquete e, em 2009, conquistou o título de campeão brasileiro de basquete em Brasília, vindo, todavia, a ter sua vida tragicamente ceifada em 20/03/2010.

Em 1977, ainda junto à Associação, Nelson criou mais um grupo de torcida, denominado Força Jovem Santa-cruzense, do qual igualmente se tornou presidente, com Osmar Hermes de vice-presidente.

Depois que Nelson assumiu como organizador das torcidas, conseguiu, junto à gráfica da Philip Morris, o fornecimento, sem custo, de todos os papeis picados para a utilização em todos os jogos, com o propósito de deixar as entradas em campo bem mais vistosas e coloridas, o que chamou ainda mais a atenção dos jovens torcedores e aumentou o público nos estádios. Aliás, o maior objetivo de Nelson Kich sempre foi criar alternativas saudáveis para afastar os jovens da ociosidade, das drogas e de outros malefícios, bem como criar cidadãos de bem.

Com o fim da fusão entre Avenida e Santa Cruz, escolheu seu time do coraç ão o Esporte Clube Avenida, e após 1978, idealizou a criação da Ala Jovem Avenidense, onde foi eleito presidente sendo que vários jovens o acompanharam na organização das diversas alas.

No Avenida, todos os componentes da Ala Jovem possuíam carteirinha, seu fardamento, e frequentavam todos os jogos em Santa Cruz do Sul ou fora da cidade, quando possuíam entre 50 a 100 jovens periquitos. Nas viagens iam de ônibus, com despesa rateada entre os componentes; levavam fogão duas bocas, panelas, pratos descartáveis e talheres, para preparar o carreteiro ou galinhada para todos os integrantes.

Nos jogos locais, tinham ingresso gratuito e fora eram obrigados a pagar os ingressos, Para poderem participar dos jogos em outras localidades, eram organizadas rifas ou outras promoções com o objetivo de angariar fundos para a aquisição de ingressos nos estádios de fora de Santa Cruz do Sul.

A Ala Jovem, tanto da Associação, como do Avenida, geralmente era bem recebida, mas havia algumas cidades onde a torcida era mal recepcionada, especialmente por parte da torcida do Brasil/Pelotas (onde a Ala Jovem foi apenas uma vez) e chegou a sofrer agressões da torcida adversária, inclusive parando na Delegacia de Polícia para o registro de ocorrência.

Com a Associação Santa Cruz, conseguiram o maior feito com a classificação como terceiro colocado do Gauchão, superando o São José/Porto Alegre e os clubes de Caxias do Sul, tendo Daltro Menezes como treinador. A torcida acompanhou o time no jogo decisivo contra o São José, com 40 ônibus, cada um deles com 40 pessoas sentadas, e outros tantos de pé. Esta até hoje se constitui em recorde de acompanhamento de um clube do interior do Rio Grande do Sul. Ainda a Ala Jovem lotou 25 ônibus para a cidade de Lajeado. Naquela época, Nelson e seus companheiros de Ala Jovem conseguiram aglutinar o maior número de torcedores da história do futebol local, inclusive mulheres, suas filhas e crianças.

Des de o ano de 1976, o então redator e repórter da Gazeta do Sul, Xavier Valdir Panke, acompanhou todo o trabalho executado por grande número de jovens santa-cruzenses, sob o comando do desportista Nelson Kich, que sempre procurou incentivar a juventude local a ter uma importante ocupação em suas horas de lazer, sempre com muita luta, garra e disciplina.

Na década de 1980, Nelson Kich organizou sua campanha de bandeiras, com distribuição de 80 prêmios entre os que confeccionassem a maior bandeira e mais bonita, tendo sempre a intenção de colorir os estádios e transformar todos os jogos em grande festa.

Nos jogos do Avenida havia um visual muito bonito com inúmeras bandeiras, de todos os tamanhos, e a vibração, a alegria e a batucada animavam o restante da torcida e principalmente o time em campo, bem como abafavam eventuais xingamentos ou palavras de baixo calão proferidas por alguns torcedores.

Nelson Kich fora acomedido de diversos problemas de saúde. Por is so, decidiu participar ativamente da organização de torcidas, pensando numa terapia própria e ocupar os jovens em algo sadio, visando afastá-los dos vícios. Por sinal, Kich sempre foi muito respeitado no meio da própria torcida e os adversários temiam o poder de mobilização e a força dada pela Ala Jovem.

Até 1988, Kich seguiu à frente da torcida do Avenida. Naquele ano, o Grêmio Futebol Porto-alegrense promoveu uma pesquisa junto aos santa-cruzenses visando a escolha de um gremista para a função de Cônsul, em substituição ao ex-cônsul Udo Kannenberg, que estava com problemas de saúde.

Terminada a pesquisa, 36% dos entrevistados, identificados como gremistas, e 32% dos entrevistados que disseram como colorados apontaram o nome de Nelson Kich para a função, tendo sido o mais votado, num total de 68%. Outro gremista participativo, Claudio Laus Tadeu Cariboni, ficou em segundo lugar. Na época, Kich pediu três meses para pensar se iria ou não aceitar o cargo, ma s em consideração à grande quantidade de pessoas que deram voto de confiança a seu nome, aceitou o desafio e assumiu o cargo. A seguir foi nomeado oficialmente em Porto Alegre, e depois, preparou uma grande festa de posse em Santa Cruz do Sul, na qual compareceram a direção gremista e alguns atletas da equipe profissional.

Nelson organizava festas em vários clubes e locais da cidade, entre eles o Pavilhão Central da Oktobertfest, Sociedade Aliança, Sociedade Ginástica, Esporte Clube Avenida, Corinthians Sport Club, Clube União, etc., reunindo normalmente uma média de 500 pessoas, entre gremistas e muitos colorados.

Na primeira festa que Nelson organizou na Sociedade Aliança, o presidente do Grêmio, Paulo Odone, veio participar do evento e, mesmo com o Grêmio na Segundona, completamente desacreditado, surpreendeu-se ao encontrar o clube lotado em Santa Cruz do Sul.

Há de destacar que Nelson Kich permaneceu 21 anos a frente do Consulado do Grêmio na cidade, mas ao longo deste período vários outros gremistas foram se integrando à diretoria local. Em 2005, o Consulado de Santa Cruz do Sul se destacou como o maior Consulado do Mundo, bem como alcançou o Título de Honra, como o maior número de empresários associados (um total de 120), o que rendeu a Nelson uma homenagem do clube. A par disso, o Consulado local associou 120 titulares no Grêmio, na condição de sócios especiais.

Nos primeiros anos, organizava excursões para jogos do Grêmio em Porto Alegre, mas nos últimos tempos parou de fazê-los por motivos de saúde. Aliás, Nelson lamenta até hoje que deste grupo não tinha conseguido formar uma entidade fixa e legalizada, como sempre fora sua intenção, inclusive, com sede própria. Após ter sofrido uma picada de cobra na Feira Rural local, Nelson ficou bastante fragilizado de saúde e passou o cargo de Cônsul para Erni Edgar Dockhorn, posteriormente substituído por Sérgio Scholante e, atualmente, Gustavo Kirst Luz.

É de destacar ainda, que, quando da comemoração do centenário de Santa Cruz do Sul, Nelson Kich foi contratado pela Liga Cinturão Verde, que, junto com a Liga de Sinimbu, participou de uma grande festa no Estádio dos Plátanos, com show de paraquedismo, tendo sido incumbido de organizar a torcida do Cinturão Verde. Na ocasião, mesmo que o Cinturão Verde tenha perdido por 3x0 para o Sinimbu, a torcida do Cinturão Verde, comandada por Nelson, não parava de vibrar um instante, com charanga e instrumentos de sopro, sendo escolhida como a melhor torcida, transformando o estádio em festa. Havia fardamento das torcidas, um grupo de meninas fardadas, tudo com as cores verde e branca do Cinturão Verde. Diga-se que o estádio lotou na oportunidade.

Nelson Kich foi convidado por várias ligas da região, de Santa Cruz e Vera Cruz, para organizar as torcidas nas finais dos campeonatos, normalmente resultando em vitórias das equipes apoiadas por Nelson. Na disputa de troféus po r melhor torcida, Kich sempre recebia os troféus. Na Sociedade Ginástica e Corinthians Sport Club, no Poliesportivo, a torcida organizada por Nelson sempre participava e normalmente ganhava o título de melhor torcida, a ponto de ser rotulado como papão dos troféus.

Quanto venceu a competição de torcidas do Centenário, Roque Dick, presidente do Cinturão Verde, entregou um troféu enorme ao time através de um guincho da Trevisan e, logo em seguida, foi entregue o troféu de melhor torcida, representada por Nelson. Na época, as torcidas faziam faixas com frases para homenagear pessoas e a imprensa de Porto Alegre, inclusive o atual senador Lasier Martins.

Enquanto Nelson ainda era cônsul do Grêmio, o presidente do PDT local, Romeu Solf, encaminhou ao então Prefeito Sérgio Ivan Moraes o nome de Kich para o cargo de chefe da iluminação pública, que idealizou e realizou a instalação dos arcos de luz no centro da cidade para o Natal, ideia que veio da Rua 15 de Cu ritiba, PR,e que deu um colorido especial ao centro de Santa Cruz do Sul.

Para problemas de saúde, teve que se afastar de tantas atividades, mas se orgulha de haver encaminhado centenas de jovens ao longo de anos para uma atividade sadia, o esporte, principalmente, incentivando, organizando, participando em ações relacionadas ao esporte.

Para orgulho de Nelson, o filho Guilherme Kich, que também era esportista e participava intensamente do futebol, foi incluído no Consulado e nas torcidas organizadas. Sempre praticou o basquete, desde os primeiros anos de estudo no Colégio Goiás, depois no São Luís, no Corinthians Sport Club e na seleção gaúcha. Ficou 5 anos servindo o Exército Brasileiro, como soldado de carreira, e atuou na seleção gaúcha militar, tendo se sagrado campeão nacional em Brasília, aos 22 anos, em 2009. Guilherme, quando sofreu morte trágica, em 2010, era atleta do basquete e se tornou campeão brasileiro de basquete em Brasília, participando d a Seleção do Exército do Rio Grande do Sul.

Nelson Kich sofreu forte abalo emocional, além de seus problemas de saúde, com a perda inesperada de dois filhos. Primeiro, Guilherme, e depois, Silvia, o que o obrigou a forte tratamento de saúde até os dias presentes.

Atualmente, Nelson vive com a esposa, Íris Terezinha dos Santos, e mora no Residencial Santa Cecília. Kich é pessoa conhecidíssima em Santa Cruz e região, notadamente no setor esportivo municipal, regional, do Estado do Rio Grande do Sul e do Brasil. Tornou-se conhecido com o lançamento do grande chapéu mexicano, logrando o maior sucesso, tendo participado ativamente do esporte por mais de 35 anos.

Solicitamos, portanto, que os nobres edis do colendo Poder Legislativo de Santa Cruz do Sul aprovem este Projeto de Decreto, sendo que a concessão deste título de cidadania é uma forma da comunidade santa-cruzense, por intermédio do Poder Legislativo municipal, reconhecer os relevantes trabalhos desenv olvidos pelo Sr. Nelson Kich.

Santa Cruz do Sul, 24 de fevereiro de 2015.

ELO ARI SCHNEIDERS
Vereador – SD

Situação: Arquivado aos 31/12/2015 conforme o Artigo 183 do regimento interno.

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PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 01/2015, DE 24 DE FEVEREIRIO DE 2015.


Concede o Título de Cidadão Santa-cruzense ao Sr. Nelson Kich.

Art. 1º Fica oficializado o Título de Cidadão Santa-cruzense ao Sr. Nelson Kich.

Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Santa Cruz do Sul, 24 de fevereiro de 2015.

ELO ARI SCHNEIDERS
Vereador - SD


JUSTIFICATIVA

Senhora Presidente,
Senhores(a) Vereadores(a):

O presente projeto de decreto visa conceder o título de Cidadão Santa-cruzense ao desportista Nelson Kich.

Ele nasceu em Estrela (RS), mas há muitos anos reside, trabalha e se dedica, voluntariamente, ao desenvolvimento e engrandecimento do esporte profissional e amador do Município de Santa Cruz do Sul, em especial, no fomento de torcidas organizadas e na busca de integração entre jovens e desportistas em geral e na prática de algo sadio como o esporte.

Atualmente, Nelson, por problemas de saúde, está impossibilitado de seguir execut ando o trabalho desenvolvido por muitos anos. É justo que a Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul preste uma homenagem a este abnegado e destacado desportista.

Segue o currículo do Sr. Nelson Kich.

O Sr. Nelson nasceu aos 13 de dezembro de 1947, em Linha Santo Antônio, mais conhecida como Linha Beija Flor, no interior de Estrela. É filho de Guilherme Albino Kich e de Maria Elídia Kich, ambos já falecidos. Teve quatro irmãos: Hilário Kich e Elton Kich, já falecidos, e mais dois ainda vivos, Iva Ivone Kich e Telmo Albino Kich.

Na sua infância, viveu com os pais. Aos seis anos, iniciou seus estudos (pré-escola) na Escola Municipal de Linha Santo Antônio, permanecendo até o 3º ano na referida escola. Depois, estudou na Escola Municipal de Linha Costão, em Estrela, e terminou o 1º grau no então distrito de Corvo, agora município de Colinas, numa escola municipal, com o professor Allert.

Após a conclusão do 1º grau, Nelson Kich e seus pais se mudaram par a a cidade de Estrela, onde foram residir na Rua 15 de Novembro, ao lado do Grupo Escolar Vidal de Negreiros, onde estudou por um ano, e, depois, a partir do segundo ano, passou a estudar no Colégio Martin Luther, onde permaneceu de 1960 a 1961, até concluir o 2º Grau.

Em 1962, Nelson passou a trabalhar, durante meio turno, como cobrador de ônibus, na empresa Daltro Filho, no interior de Estrela, com o proprietário Enio Wolff. Entre 1963 a 1969, Kich trabalhou como balconista no Bazar Artrur Germano Preussler Ltda, com sede em Estrela.

Entre 1964 e 1966, sob a orientação do Pastor Schiemann, Nelson foi presidente da Juventude Evangélica de Estrela.

Em 1966, enquanto trabalhava no bazar até às 18h, teve que parar momentaneamente com os estudos e começou a trabalhar entre as 19 e 2h da madrugada, como garçom, na Sociedade Ginástica de Estrela, com o proprietário conhecido como Professor, o que se estendeu até 1969, isso para auxiliar no sustento da família, já que o pai havia sofrido um grave acidente de trabalho na fábrica de sabonetes e sabão Costa, permanecendo hospitalizado durante algum tempo.

Em 1º de abril de 1967, Nelson casou-se com Edely Storch, natural de Lajeado. Dessa união, nasceram, na cidade de Estrela, os filhos Silvia Kich (26/09/1967), hoje já falecida; e Leandro Kich (em 01/02/2969), em Santa Cruz do Sul, a filha Cristiane Kich (em 19/04/1970).

Quando ainda trabalhava no Bazar Arthur Germano Preussler Ltda., Nelson efetuou, em 1966, seu alistamento militar, e após, foi incorporado ao Exército, tendo que servir em Jaguarão, em quartel, último ano de Cavalaria. Para ir aquela cidade, Nelson e outros colegas embarcavam em um trem em Taquari, e viajavam durante dois dias e uma noite. No entanto, por ser casado, Nelson foi liberado do serviço militar após três meses de incorporação, retornando a Estrela.

Em janeiro de 1970, mesmo não conhecendo ninguém e nem a cidade de Santa Cruz do Sul, Nels on decidiu residir e estudar na Escola Senai, desta cidade, para efetuar o curso de Eletricista. Trouxe consigo a esposa e dois filhos, passando a residir em um apartamento localizado na parte superior e nos fundos da atual Padaria Pritsch.

Com uma carta de recomendação da Associação Comercial de Estrela, foi contratado, na primeira semana, pela Comercial Zimmer-Goettert S/A, no setor elétrico, e, à noite, fazia curso de Eletrecidade em geral junto à Escola Senai.

Em 1972, a convite do falecido Arnoldo Henrique Zimmer, Nelson Kich foi apresentado à torcida da então Associação Santa Cruz de Futebol, onde passou a organizar as torcidas e as viagens. No fim do primeiro ano, participou da eleição como candidato a Presidente da Ala Jovem da Associação Santa Cruz de Futebol, tendo vencido e passado a atuar como organizador, com o assessoramento de Sérgio Machado, fundador da Ala. No início, havia 20 participantes da Ala, porém conseguiram aumentar para mais de 100 participantes. Foi organizada uma charanga, comprados os equipamentos, buzinas, fardamento, bandeiras, entre outros equipamentos para o acompanhamento de todos os jogos da Associação, onde quer que ela se apresentasse, normalmente com dois ou três ônibus lotados, ou até mais.

Em 1973, após três anos de trabalho na Comercial Zimmer-Goettert, Nelson Kich havia se formando em vários cursos do Senai, como Comandos, Industrial e Residencial, passando a trabalhar como eletricista autônomo. Como fruto do seu trabalho capacitado, obteve muito sucesso na profissão e conquistou grande número de clientes. Durante anos seguidos, Nelson Kich, recebeu vários troféus e diplomas, como um dos eletricistas de destaque e melhor preparados de Santa Cruz do Sul.

Quando já residia em Santa Cruz do Sul, Nelson Kich foi brindado com mais dois filhos: Cristiane Kich, em 19/04/1971, e Guilherme Kich, em 01/03/1987 (falecido). Por sinal, o filho Guilherme Kich se tornou um grande pi vô de basquete e, em 2009, conquistou o título de campeão brasileiro de basquete em Brasília, vindo, todavia, a ter sua vida tragicamente ceifada em 20/03/2010.

Em 1977, ainda junto à Associação, Nelson criou mais um grupo de torcida, denominado Força Jovem Santa-cruzense, do qual igualmente se tornou presidente, com Osmar Hermes de vice-presidente.

Depois que Nelson assumiu como organizador das torcidas, conseguiu, junto à gráfica da Philip Morris, o fornecimento, sem custo, de todos os papeis picados para a utilização em todos os jogos, com o propósito de deixar as entradas em campo bem mais vistosas e coloridas, o que chamou ainda mais a atenção dos jovens torcedores e aumentou o público nos estádios. Aliás, o maior objetivo de Nelson Kich sempre foi criar alternativas saudáveis para afastar os jovens da ociosidade, das drogas e de outros malefícios, bem como criar cidadãos de bem.

Com o fim da fusão entre Avenida e Santa Cruz, escolheu seu time do coraç ão o Esporte Clube Avenida, e após 1978, idealizou a criação da Ala Jovem Avenidense, onde foi eleito presidente sendo que vários jovens o acompanharam na organização das diversas alas.

No Avenida, todos os componentes da Ala Jovem possuíam carteirinha, seu fardamento, e frequentavam todos os jogos em Santa Cruz do Sul ou fora da cidade, quando possuíam entre 50 a 100 jovens periquitos. Nas viagens iam de ônibus, com despesa rateada entre os componentes; levavam fogão duas bocas, panelas, pratos descartáveis e talheres, para preparar o carreteiro ou galinhada para todos os integrantes.

Nos jogos locais, tinham ingresso gratuito e fora eram obrigados a pagar os ingressos, Para poderem participar dos jogos em outras localidades, eram organizadas rifas ou outras promoções com o objetivo de angariar fundos para a aquisição de ingressos nos estádios de fora de Santa Cruz do Sul.

A Ala Jovem, tanto da Associação, como do Avenida, geralmente era bem recebida, mas havia algumas cidades onde a torcida era mal recepcionada, especialmente por parte da torcida do Brasil/Pelotas (onde a Ala Jovem foi apenas uma vez) e chegou a sofrer agressões da torcida adversária, inclusive parando na Delegacia de Polícia para o registro de ocorrência.

Com a Associação Santa Cruz, conseguiram o maior feito com a classificação como terceiro colocado do Gauchão, superando o São José/Porto Alegre e os clubes de Caxias do Sul, tendo Daltro Menezes como treinador. A torcida acompanhou o time no jogo decisivo contra o São José, com 40 ônibus, cada um deles com 40 pessoas sentadas, e outros tantos de pé. Esta até hoje se constitui em recorde de acompanhamento de um clube do interior do Rio Grande do Sul. Ainda a Ala Jovem lotou 25 ônibus para a cidade de Lajeado. Naquela época, Nelson e seus companheiros de Ala Jovem conseguiram aglutinar o maior número de torcedores da história do futebol local, inclusive mulheres, suas filhas e crianças.

Des de o ano de 1976, o então redator e repórter da Gazeta do Sul, Xavier Valdir Panke, acompanhou todo o trabalho executado por grande número de jovens santa-cruzenses, sob o comando do desportista Nelson Kich, que sempre procurou incentivar a juventude local a ter uma importante ocupação em suas horas de lazer, sempre com muita luta, garra e disciplina.

Na década de 1980, Nelson Kich organizou sua campanha de bandeiras, com distribuição de 80 prêmios entre os que confeccionassem a maior bandeira e mais bonita, tendo sempre a intenção de colorir os estádios e transformar todos os jogos em grande festa.

Nos jogos do Avenida havia um visual muito bonito com inúmeras bandeiras, de todos os tamanhos, e a vibração, a alegria e a batucada animavam o restante da torcida e principalmente o time em campo, bem como abafavam eventuais xingamentos ou palavras de baixo calão proferidas por alguns torcedores.

Nelson Kich fora acomedido de diversos problemas de saúde. Por is so, decidiu participar ativamente da organização de torcidas, pensando numa terapia própria e ocupar os jovens em algo sadio, visando afastá-los dos vícios. Por sinal, Kich sempre foi muito respeitado no meio da própria torcida e os adversários temiam o poder de mobilização e a força dada pela Ala Jovem.

Até 1988, Kich seguiu à frente da torcida do Avenida. Naquele ano, o Grêmio Futebol Porto-alegrense promoveu uma pesquisa junto aos santa-cruzenses visando a escolha de um gremista para a função de Cônsul, em substituição ao ex-cônsul Udo Kannenberg, que estava com problemas de saúde.

Terminada a pesquisa, 36% dos entrevistados, identificados como gremistas, e 32% dos entrevistados que disseram como colorados apontaram o nome de Nelson Kich para a função, tendo sido o mais votado, num total de 68%. Outro gremista participativo, Claudio Laus Tadeu Cariboni, ficou em segundo lugar. Na época, Kich pediu três meses para pensar se iria ou não aceitar o cargo, ma s em consideração à grande quantidade de pessoas que deram voto de confiança a seu nome, aceitou o desafio e assumiu o cargo. A seguir foi nomeado oficialmente em Porto Alegre, e depois, preparou uma grande festa de posse em Santa Cruz do Sul, na qual compareceram a direção gremista e alguns atletas da equipe profissional.

Nelson organizava festas em vários clubes e locais da cidade, entre eles o Pavilhão Central da Oktobertfest, Sociedade Aliança, Sociedade Ginástica, Esporte Clube Avenida, Corinthians Sport Club, Clube União, etc., reunindo normalmente uma média de 500 pessoas, entre gremistas e muitos colorados.

Na primeira festa que Nelson organizou na Sociedade Aliança, o presidente do Grêmio, Paulo Odone, veio participar do evento e, mesmo com o Grêmio na Segundona, completamente desacreditado, surpreendeu-se ao encontrar o clube lotado em Santa Cruz do Sul.

Há de destacar que Nelson Kich permaneceu 21 anos a frente do Consulado do Grêmio na cidade, mas ao longo deste período vários outros gremistas foram se integrando à diretoria local. Em 2005, o Consulado de Santa Cruz do Sul se destacou como o maior Consulado do Mundo, bem como alcançou o Título de Honra, como o maior número de empresários associados (um total de 120), o que rendeu a Nelson uma homenagem do clube. A par disso, o Consulado local associou 120 titulares no Grêmio, na condição de sócios especiais.

Nos primeiros anos, organizava excursões para jogos do Grêmio em Porto Alegre, mas nos últimos tempos parou de fazê-los por motivos de saúde. Aliás, Nelson lamenta até hoje que deste grupo não tinha conseguido formar uma entidade fixa e legalizada, como sempre fora sua intenção, inclusive, com sede própria. Após ter sofrido uma picada de cobra na Feira Rural local, Nelson ficou bastante fragilizado de saúde e passou o cargo de Cônsul para Erni Edgar Dockhorn, posteriormente substituído por Sérgio Scholante e, atualmente, Gustavo Kirst Luz.

É de destacar ainda, que, quando da comemoração do centenário de Santa Cruz do Sul, Nelson Kich foi contratado pela Liga Cinturão Verde, que, junto com a Liga de Sinimbu, participou de uma grande festa no Estádio dos Plátanos, com show de paraquedismo, tendo sido incumbido de organizar a torcida do Cinturão Verde. Na ocasião, mesmo que o Cinturão Verde tenha perdido por 3x0 para o Sinimbu, a torcida do Cinturão Verde, comandada por Nelson, não parava de vibrar um instante, com charanga e instrumentos de sopro, sendo escolhida como a melhor torcida, transformando o estádio em festa. Havia fardamento das torcidas, um grupo de meninas fardadas, tudo com as cores verde e branca do Cinturão Verde. Diga-se que o estádio lotou na oportunidade.

Nelson Kich foi convidado por várias ligas da região, de Santa Cruz e Vera Cruz, para organizar as torcidas nas finais dos campeonatos, normalmente resultando em vitórias das equipes apoiadas por Nelson. Na disputa de troféus po r melhor torcida, Kich sempre recebia os troféus. Na Sociedade Ginástica e Corinthians Sport Club, no Poliesportivo, a torcida organizada por Nelson sempre participava e normalmente ganhava o título de melhor torcida, a ponto de ser rotulado como papão dos troféus.

Quanto venceu a competição de torcidas do Centenário, Roque Dick, presidente do Cinturão Verde, entregou um troféu enorme ao time através de um guincho da Trevisan e, logo em seguida, foi entregue o troféu de melhor torcida, representada por Nelson. Na época, as torcidas faziam faixas com frases para homenagear pessoas e a imprensa de Porto Alegre, inclusive o atual senador Lasier Martins.

Enquanto Nelson ainda era cônsul do Grêmio, o presidente do PDT local, Romeu Solf, encaminhou ao então Prefeito Sérgio Ivan Moraes o nome de Kich para o cargo de chefe da iluminação pública, que idealizou e realizou a instalação dos arcos de luz no centro da cidade para o Natal, ideia que veio da Rua 15 de Cu ritiba, PR,e que deu um colorido especial ao centro de Santa Cruz do Sul.

Para problemas de saúde, teve que se afastar de tantas atividades, mas se orgulha de haver encaminhado centenas de jovens ao longo de anos para uma atividade sadia, o esporte, principalmente, incentivando, organizando, participando em ações relacionadas ao esporte.

Para orgulho de Nelson, o filho Guilherme Kich, que também era esportista e participava intensamente do futebol, foi incluído no Consulado e nas torcidas organizadas. Sempre praticou o basquete, desde os primeiros anos de estudo no Colégio Goiás, depois no São Luís, no Corinthians Sport Club e na seleção gaúcha. Ficou 5 anos servindo o Exército Brasileiro, como soldado de carreira, e atuou na seleção gaúcha militar, tendo se sagrado campeão nacional em Brasília, aos 22 anos, em 2009. Guilherme, quando sofreu morte trágica, em 2010, era atleta do basquete e se tornou campeão brasileiro de basquete em Brasília, participando d a Seleção do Exército do Rio Grande do Sul.

Nelson Kich sofreu forte abalo emocional, além de seus problemas de saúde, com a perda inesperada de dois filhos. Primeiro, Guilherme, e depois, Silvia, o que o obrigou a forte tratamento de saúde até os dias presentes.

Atualmente, Nelson vive com a esposa, Íris Terezinha dos Santos, e mora no Residencial Santa Cecília. Kich é pessoa conhecidíssima em Santa Cruz e região, notadamente no setor esportivo municipal, regional, do Estado do Rio Grande do Sul e do Brasil. Tornou-se conhecido com o lançamento do grande chapéu mexicano, logrando o maior sucesso, tendo participado ativamente do esporte por mais de 35 anos.

Solicitamos, portanto, que os nobres edis do colendo Poder Legislativo de Santa Cruz do Sul aprovem este Projeto de Decreto, sendo que a concessão deste título de cidadania é uma forma da comunidade santa-cruzense, por intermédio do Poder Legislativo municipal, reconhecer os relevantes trabalhos desenv olvidos pelo Sr. Nelson Kich.

Santa Cruz do Sul, 24 de fevereiro de 2015.

ELO ARI SCHNEIDERS
Vereador – SD